Drones russos mudam os rumos da guerra na Ucrânia
- Jonas Lira

- 1 de set.
- 2 min de leitura
Enquanto avança no leste da Ucrânia, a Rússia intensifica uma ofensiva paralela:

ataques noturnos com drones contra cidades e infraestrutura civil. Com a produção acelerada dessas armas, as investidas tornam-se cada vez mais frequentes e destrutivas.
Apesar de não serem rápidos ou tecnologicamente avançados, os drones russos são baratos o suficiente para permitir lançamentos em massa — mais de 700 em uma única noite, segundo especialistas, com o objetivo de sobrecarregar as defesas aéreas e atingir a população. Inspirada em projetos iranianos dos drones Shahed, a Rússia ergueu sua própria fábrica, capaz de produzir milhares por mês. Essa estratégia obriga a Ucrânia a gastar munições e desenvolver soluções mais caras, já que os métodos de defesa convencionais perdem eficácia.
O crescimento acelerado dos ataques com drones evidencia a evolução da guerra, cada vez mais dependente desses veículos não tripulados. Rússia e Ucrânia têm investido em aprimorar suas frotas para compensar limitações de suas forças aéreas — cenário distinto das potências ocidentais. Ainda assim, especialistas apontam que EUA e aliados da Otan avançam no desenvolvimento de drones e estratégias de combate para garantir superioridade em futuros conflitos.
Taiwan já estuda a produção em larga escala de drones de ataque baratos, enquanto organizações não estatais e cartéis de drogas também adotam esses veículos, representando um grande desafio para exércitos despreparados. A campanha russa

ilustra esse cenário: a Ucrânia afirma que Moscou pretende produzir mais de 6.000 drones Shahed por mês, agora muito mais baratos de fabricar internamente do que no início do conflito, quando eram importados do Irã.
O custo dos drones Shahed caiu drasticamente desde 2022: de cerca de US$200.000 por unidade para aproximadamente US$70.000, graças à produção em larga escala na fábrica de Alabuga, na Rússia. Outras estimativas apontam valores entre US$20.000 e US$50.000, enquanto um míssil interceptador terra-ar pode custar mais de US$3 milhões. Essa economia permite que o Kremlin realize ataques noturnos e em larga escala com maior frequência — de mensais no início da guerra para uma média a cada oito dias em 2025. Para os civis ucranianos, a ameaça constante é aterrorizante. Bohdana Zhupanyna, grávida em Kiev, perdeu o apartamento da família em um ataque de drone, após já ter perdido o pai na guerra. Além dos drones de longo alcance, cidades próximas às linhas russas enfrentam ataques diários de drones FPV, que transmitem imagens em primeira pessoa para o piloto.
Em Kherson, moradores relatam que nenhum alvo parece seguro, com drones FPV atacando pedestres, veículos e até ambulâncias, apesar das negativas russas de atingir civis. A taxa de acerto dos drones russos dobrou desde 2024, chegando a cerca de 20%, mas o impacto psicológico e o desgaste das defesas aéreas são o principal objetivo da Rússia. A Ucrânia também contra-ataca com drones FPV e de longo alcance, visando infraestrutura e instalações militares dentro da Rússia. O ciclo de inovação é rápido: avanços tecnológicos são seguidos por contra-medidas em semanas. Atualmente, ambos os lados desenvolvem drones com inteligência artificial autônoma e drones interceptadores, que podem ser uma alternativa mais econômica para defesa aérea, ajudando a preservar mísseis de alto custo.



